terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Grécia.




Manolis Glezos, com 89 anos, é um herói nacional grego, desde que, em 1941, retirou a bandeira nazi da Acrópole e, detido, passou uns anos de calvário em prisão sob torturas várias e correndo sério risco de vida.
Ontem, juntamente com o compositor Mikis Theodorakis, manifestou-se contra as medidas adoptadas pelo Parlamento grego. Com razão ou sem ela, manifestou-se, como é seu direito num Estado (Democrático) de Direito.
Pois aqui está como foi tratado pela polícia.
Lembro-me de, nos anos 60, Bertrand Russell se manifestar e ser afastado gentilmente pela polícia britânica. Algo do género sucedeu com Sartre, que nunca cumpriu as leis de imprensa sobre a Argélia, incorrendo por isso em sanções criminais, mas não sendo detido por ordem do presidente Charles De Gaulle, que disse nunca ser bom "prender Voltaire"... Que se passou entretanto? Será que do copo meio cheio passámos ao copo meio vazio? E que significa isso em termos de cultura política europeia? Eis um bom projecto de investigação a submeter aos financiamentos habituais...
Mas como o tempo longo anda actualmente rápido, ainda veremos um dia destes o que acontece ao cinzento dos dias...

Professor Silvério Rocha-Cunha

2 comentários:

  1. "Que se passou entretanto?" é uma grande pergunta. Porque, de facto, quando se olha para uma fotografia como essa, aparecem-nos, pelo menos, duas coisas muito distintas. Primeiro, que não nos faltam causas defensáveis, dessas muito nobres que, a maioria das vezes, conseguimos apenas (e porque já numa posição bastante confortável e legitimada) identificar em periodos históricos anteriores. Segundo, que realmente deve ter mudado o que entendemos por causa, já que consentimos com alguma indiferença intelectual uma não tão indiferente força fisica sobre Voltaire.
    "Que se passou entretanto?"
    NH

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  2. No meu entender as causas defensáveis ou não confrontam-se muitas vezes emaranhadas entre o liberalismo cívico defendido por Voltaire e o liberalismo económico defendido por Adam Smith.

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