quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Meninos de África



Sinto me só.

Hoje particularmente só.
Não me entendo, não me oiço, não me acalmo.
Escondo sobre mim esta vergonha sentida.
Uma vergonha que não é só minha,
mas que a sinto por ti, por ele, por todos.

Eu quero poder compensá-los pelo que eles não têm,
dar-lhes o que eu tive e tenho.
Saber que a sua mão pequenina é reconfortada pelo meu leito,
que se estende e os abraça carinhosamente,
ansiando por dias melhores.

Sim, dias melhores virão,
mas enquanto são escassos e não têm raiz
o corpo que é alimentado pelo ar e pela fome,
acaba morto na terra que nunca antes foi fresca.



E a solidão que eu hoje sinto,
designa-se por um puro egoísmo
Ingénuo e cruel
causado pela ânsia que me agarra e consome
e da qual eu não me liberto.



Persisto em tentar largá-la,
Mas ela reside em mim
Na mente, no corpo, na alma
Não penso que consiga evitá-lo
Está em mim, em ti, e neles, e vai estar até ao fim.

Perdoa-me então, oh mundo escuro e magoado,
pelo que eu não fui capaz de mudar
pelo que eu não fui capaz de lutar
Perdoa-me a mim, a ele, a todos.

Que são fúteis por te ignorar
Mas que no fundo te sentem,
Fingindo não sentir
Porque na verdade, a dor que tu sentes
Nem eu, nem ele, ninguém pode sentir.

Ana Correia


1 comentário:

  1. bom eu achei muito triste porque tem tanta gente com fome ea agete que tem tudo estam desperdisando por isso deixo esse comentario

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